quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Ensino especial ajuda no tratamento de autistas

Ensino especial ajuda no tratamento de autistas
Escola Classe da 405 Norte mostra bons resultados no acompanhamento de portadores do transtorno

Ana Carla Rocha
Ana Carla Rocha
As salas possuem móveis encostados nas paredes e poucas cores, pois isso incomoda os autistas.
A Escola Classe 405 Norte está promovendo, esta semana, uma série de atividades em comemoração ao Dia Nacional da Pessoa com Deficiência. Filmes, peças teatrais, reflexões e brincadeiras fazem parte da programação. Tudo voltado para um grupo especial de crianças. A escola, que em 2007 recebeu o prêmio Orgulho Autista concedido por uma associação nacional de parentes e simpatizantes, mostra que a educação é determinante no desenvolvimento de portadores da síndrome.

O evento foi organizado pelas professoras, mas são os alunos que conduzirão as atividades. A peça Na nossa escola todo mundo é igual foi produzida pela professora Joelma Esteves, mas ela adianta que os alunos têm total liberdade na atuação. A idéia é que os autistas tenham um momento de interação com o restante das crianças. Os alunos também assistirão ao filme Uma lição de amor, cuja história narra a vida de um autista, suas dificuldades e o convívio com os demais.

De cada 500 crianças que nascem, uma apresenta algum grau de autismo. E, em cada quatro, uma é do sexo masculino. No Distrito Federal, estima-se que haja quase 5 mil portadores do transtorno. Ainda não existe um estudo preciso sobre as causas e cura da síndrome. O diagnóstico é feito por meio de observação. Porém, muitos médicos ainda não estão suficientemente preparados para identificar a doença e a rede pública de saúde ainda engatinha na oferta de tratamento.  O que se sabe é que os autistas apresentam certo tipo de dificuldade na aprendizagem devido a um deficit de inteligência. Mas muitos deles têm melhoras significativas quando recebem um acompanhamento correto, por meio de psicoterapias e, principalmente, com a educação especial.
 
A Escola Classe 405 Norte, que já foi exclusivamente de alunos autistas, é muito procurada devido ao tratamento e acompanhamento que oferece aos alunos portadores da síndrome. "A maioria dos alunos já chega aqui com o laudo e nós encaminhamos para a classe mais adequada", informa a diretora Raquel Sampaio.

Raquel foi professora de autistas por nove anos a assumiu a direção da escola no início de 2008. Ela explica que as classes são divididas em três tipos: classes especiais, classes de integração inversa e as regulares. As especiais são compostas exclusivamente de autistas. As de integração inversa são mistas, porém com número menor de alunos. As regulares também têm alunos autistas, mas a turma é maior. Geralmente, as crianças são encaminhadas primeiro para as classes especiais. Caso a professora note que o aluno tem um grau mais brando do transtorno, ele avança para a classe de integração inversa.

As classes especiais comportam até cinco crianças com duas professoras. As salas possuem móveis encostados nas paredes, abrindo espaço para os alunos, e evita-se o uso demasiado de cores, pois isso os incomoda. A classe integração inversa admite no máximo 15 alunos sem a síndrome e até três autistas. É uma fase de transição importante para o autista, pois ele passa a ter contato com crianças do ensino regular. O número de alunos é reduzido para que a professora possa desenvolver melhor seu trabalho. Na classe regular, a quantidade de alunos sem o transtorno pode aumentar para até 28. "Já houve casos em que o aluno nem passou pela integração inversa, foi direto para a classe regular", conta Raquel.


Ana Carla Rocha
Professora Joelma mostrando as atividades
A professora Joelma Esteves, que leciona numa classe especial, conta que os autistas têm uma apreciação enorme pela rotina. Todos os dias, assim que entra na sala, a professora escreve tudo que será feito no lado esquerdo no quadro. "Os autistas resistem a mudanças", diz a professora.  Joelma conta que a turma é formada por três alunos e que eles não interagem entre si, característica própria dos autistas.  Eles fazem exercícios de associação de cores, colagens, de matemática. "Os autistas são muito bons em coisas exatas, até melhores que as pessoas ditas normais", observa Raquel. A escola possui ainda uma sala de recursos onde fica uma professora capacitada para atender os alunos que tenham algum tipo de surto ou apresentem agressividade. "Eles não são agressivos, mas, como não têm o recurso da fala, em momento de frustração acabam se exaltando", explica Raquel. 

O transtorno
O autismo é uma síndrome comportamental cujos sintomas aparecem antes dos 3 anos de idade. O portador apresenta dificuldades de se relacionar, deficit na comunicação, hábitos repetitivos, apreciação da rotina, dificuldade em manter contato visual, preferência por estar só, incapacidade de identificar situações de perigo, apego a objetos, repetição de palavras, rejeição a carinhos, dificuldade nos métodos normais de ensino.  Quanto mais cedo esses sintomas são identificados, melhor para a criança, pois ela pode ser encaminhada para uma escola preparada para recebê-la. Com o acompanhamento, a criança pode se desenvolver e mostrar melhoras.

Ajuda  
 Asteca:Associação Terapêutica e Educacional para Crianças Autistas Granja do Riacho Fundo,EPNB km 04 Área Especial s/nº - Riacho Fundo Brasília - DF Telefone(s):(61) 399 4555

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