quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Pai cria programa de iPad para ajudar filha com tumor no cerébro a aprender a escrever

 
 
Sean Connolly e família (Foto: MailOnline)
Sean Connolly e família (Foto: MailOnline)
 
Sean Connolly é pai de Iris, uma menina de três anos que luta contra um câncer no cérebro, na Inglaterra. A garota sofreu perdas de memória em virtude do tratamento de radioterapia, e por conta disso ela sofre dificuldades de aprendizado. Buscando auxílio nas novas tecnologias, seu pai, que é desenvolvedor, fez um aplicativo para iOS para ajudar sua filha a aprender a escrever.
O funcionário público inglês chegou a testar aplicativos disponíveis na AppStore, voltados para a educação, mas ficou insatisfeito com os resultados. Precisando incentivar ao máximo a cognição da filha doente, resolveu ele mesmo desenvolver uma proposta mais bem acabada de aplicação, voltado para a alfabetização. O aplicativo, Share My ABCs, deu tão certo que virou uma iniciativa comercial.
O Share My ABCs tem uma mecânica simples: ele mostra figuras de animais e ensina a diferença que há entre uma letra minúscula e maiúscula. Além disso, o software permite que a criança escreva o nome da figura, deslizando o dedo na tela e, assim, escrevendo o contorno das letras que formarão as palavras.

Como todo app que se preze, o aplicativo também permite que a criança compartilhe seus resultados. Foi assim que a mãe de Iris, Debra, que mora na Nova Zelândia, acompanhou o progresso de sua filha. O aplicativo permite que a criança escreva mensagens e as salve em formato de e-card (e este pode ser enviado por e-mail para parentes, por exemplo). Foi assim que a pequena Iris conseguiu escrever uma mensagem para seu irmão adotivo, que reside com sua mãe na Nova Zelândia.
Sean desenvolveu a ideia e a apresentou para uma empresa de desenvolvimento de apps. A ideia rende à família de Sean 25% do lucro com os downloads do serviço, disponível para download em vários países.

Fonte: http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2011/12/pai-cria-programa-de-ipad-para-ajudar-filha-com-tumor-no-cerebro-aprender-escrever.html

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Ensino especial ajuda no tratamento de autistas

Ensino especial ajuda no tratamento de autistas
Escola Classe da 405 Norte mostra bons resultados no acompanhamento de portadores do transtorno

Ana Carla Rocha
Ana Carla Rocha
As salas possuem móveis encostados nas paredes e poucas cores, pois isso incomoda os autistas.
A Escola Classe 405 Norte está promovendo, esta semana, uma série de atividades em comemoração ao Dia Nacional da Pessoa com Deficiência. Filmes, peças teatrais, reflexões e brincadeiras fazem parte da programação. Tudo voltado para um grupo especial de crianças. A escola, que em 2007 recebeu o prêmio Orgulho Autista concedido por uma associação nacional de parentes e simpatizantes, mostra que a educação é determinante no desenvolvimento de portadores da síndrome.

O evento foi organizado pelas professoras, mas são os alunos que conduzirão as atividades. A peça Na nossa escola todo mundo é igual foi produzida pela professora Joelma Esteves, mas ela adianta que os alunos têm total liberdade na atuação. A idéia é que os autistas tenham um momento de interação com o restante das crianças. Os alunos também assistirão ao filme Uma lição de amor, cuja história narra a vida de um autista, suas dificuldades e o convívio com os demais.

De cada 500 crianças que nascem, uma apresenta algum grau de autismo. E, em cada quatro, uma é do sexo masculino. No Distrito Federal, estima-se que haja quase 5 mil portadores do transtorno. Ainda não existe um estudo preciso sobre as causas e cura da síndrome. O diagnóstico é feito por meio de observação. Porém, muitos médicos ainda não estão suficientemente preparados para identificar a doença e a rede pública de saúde ainda engatinha na oferta de tratamento.  O que se sabe é que os autistas apresentam certo tipo de dificuldade na aprendizagem devido a um deficit de inteligência. Mas muitos deles têm melhoras significativas quando recebem um acompanhamento correto, por meio de psicoterapias e, principalmente, com a educação especial.
 
A Escola Classe 405 Norte, que já foi exclusivamente de alunos autistas, é muito procurada devido ao tratamento e acompanhamento que oferece aos alunos portadores da síndrome. "A maioria dos alunos já chega aqui com o laudo e nós encaminhamos para a classe mais adequada", informa a diretora Raquel Sampaio.

Raquel foi professora de autistas por nove anos a assumiu a direção da escola no início de 2008. Ela explica que as classes são divididas em três tipos: classes especiais, classes de integração inversa e as regulares. As especiais são compostas exclusivamente de autistas. As de integração inversa são mistas, porém com número menor de alunos. As regulares também têm alunos autistas, mas a turma é maior. Geralmente, as crianças são encaminhadas primeiro para as classes especiais. Caso a professora note que o aluno tem um grau mais brando do transtorno, ele avança para a classe de integração inversa.

As classes especiais comportam até cinco crianças com duas professoras. As salas possuem móveis encostados nas paredes, abrindo espaço para os alunos, e evita-se o uso demasiado de cores, pois isso os incomoda. A classe integração inversa admite no máximo 15 alunos sem a síndrome e até três autistas. É uma fase de transição importante para o autista, pois ele passa a ter contato com crianças do ensino regular. O número de alunos é reduzido para que a professora possa desenvolver melhor seu trabalho. Na classe regular, a quantidade de alunos sem o transtorno pode aumentar para até 28. "Já houve casos em que o aluno nem passou pela integração inversa, foi direto para a classe regular", conta Raquel.


Ana Carla Rocha
Professora Joelma mostrando as atividades
A professora Joelma Esteves, que leciona numa classe especial, conta que os autistas têm uma apreciação enorme pela rotina. Todos os dias, assim que entra na sala, a professora escreve tudo que será feito no lado esquerdo no quadro. "Os autistas resistem a mudanças", diz a professora.  Joelma conta que a turma é formada por três alunos e que eles não interagem entre si, característica própria dos autistas.  Eles fazem exercícios de associação de cores, colagens, de matemática. "Os autistas são muito bons em coisas exatas, até melhores que as pessoas ditas normais", observa Raquel. A escola possui ainda uma sala de recursos onde fica uma professora capacitada para atender os alunos que tenham algum tipo de surto ou apresentem agressividade. "Eles não são agressivos, mas, como não têm o recurso da fala, em momento de frustração acabam se exaltando", explica Raquel. 

O transtorno
O autismo é uma síndrome comportamental cujos sintomas aparecem antes dos 3 anos de idade. O portador apresenta dificuldades de se relacionar, deficit na comunicação, hábitos repetitivos, apreciação da rotina, dificuldade em manter contato visual, preferência por estar só, incapacidade de identificar situações de perigo, apego a objetos, repetição de palavras, rejeição a carinhos, dificuldade nos métodos normais de ensino.  Quanto mais cedo esses sintomas são identificados, melhor para a criança, pois ela pode ser encaminhada para uma escola preparada para recebê-la. Com o acompanhamento, a criança pode se desenvolver e mostrar melhoras.

Ajuda  
 Asteca:Associação Terapêutica e Educacional para Crianças Autistas Granja do Riacho Fundo,EPNB km 04 Área Especial s/nº - Riacho Fundo Brasília - DF Telefone(s):(61) 399 4555

A Tecnologia Digital ajuda a vencer as barreiras do Autismo

Roberta Corrêa e Priscilla Dib
Artigo publicado no Guia da Internet.br em março de 1998
 
 
Dentro do conceito de autismo que é passado para os alunos nos cinco anos necessários até se concluir uma graduação em Psicologia , está a noção de que se trata de um distúrbio no desenvolvimento da criança , um problema que provoca   limitações na área social , apresentando contudo maior capacidade para a execução de tarefas específicas em relação às  pessoas não- autistas . Ou seja, o indivíduo  que sofre de autismo tem dificuldades em interagir com o meio externo. E quando o faz, é através de comportamentos absolutamente estereotipados e repetitivos. A rotina é uma coisa importante na vida do autista . E como exemplo, a professora sempre citava o filme Rain Man , onde  Tom Cruise recebia de herança um irmão autista que decorava a lista telefônica , maravilhosamente interpretado por  Dustin Hoffman .
Mas os tempos mudaram e se alguém acha que não há ligação entre coisas aparentemente tão distantes como computador e autismo , está enganado. Investigando na Internet , chega-se a surpreendentes informações sobre como o mundo binário da computação pode ser um lugar de destaque para autistas , espaço mágico   onde eles se superam e se expressam. Impressionado ? Procurando mais um pouquinho , descobrimomos   que , só no Brasil , existem quase 200.000 autistas de acordo com a ASA - Autism Society of America. Isso quer dizer que há uma população inteira de pessoas possuidoras de habilidades tão específicas quanto geniais para determinado tipo de tarefa , a exemplo de nosso amigo Rain Man.

VIZUALIZAÇÃO VIVIDA
A idéia é poder dizer que esta nova tecnologia está sendo usada para lidar e tratar de antigos problemas . "Autismo envolve um estilhaçamento nas capacidades", diz Joel Smith , diretor executivo da Associação de Serviços ao Autista , em Wellesley , Mass . "No retardamento mental ," continua ele , "o desenvolvimento é de um nível baixo como um todo . Mas em autismo , você tem algumas áreas com níveis muito , muito alto e outras de baixo" . E é nessas áreas de nível elevado em que eles resolvem problemas matemáticos , quebra-cabeças e realizam tarefas complicadas e aparentemente sem soluçã.
Um belo dia , foi descoberto  que os autistas apresentam enorme afinidade para atividades concretas . Aliás , quanto mais concreto e repetitivo for o trabalho , tanto melhor ! É aí , exatamente nesse ponto ,  que entra o computador . Essa fabulosa ferramenta  tecnológica se mostra extremamente amigável  aos olhos dos autistas , pelo fato de apresentar uma lógica rígida . A resolução de um problema em determinado programa de computador aparece quase sempre igual , como numa equação matemática . Alguns autistas chegam , inclusive , a se definir como computadores que simulam o ser humano, decodificando o mundo externo como a máquina o faria. Aí fica fácil , porque se trata de um instrumento tranqüilamente adaptável à forma que essas pessoas tão especiais têm de ver e compreender o mundo .
Por contarem com um pensamento estritamente visual (visualização vívida) , um alto poder de concentração e uma ótima memória , os autistas podem fazer do computador seu ganha-pão , e se utilizam da Internet para travar relações com o que lhes é mais apavorante : o mundo externo . O trabalho no computador se caracteriza por ser essencialmente solitário , daí a afinidade . Além disso , pela dificuldade em manter contato interpessoal , muitos autistas estabelecem relações sociais via e-mail .
Temple Grandin , que também é autista , descreve sua memória como sendo em forma de imagens e diz poder visualizá-las como se estivesse em uma página da Web . O pensamento dessas pessoas incrivelmente capazes é puramente visual , tal qual uma tela do Windows ou uma página da Internet . Qualquer informação  muito gráfica , ou seja , que contenha muitas imagens , é rapidamente armazenada por eles . E nas palavras de Grandin , "eu não posso imaginar um envelope  marrom se nunca tiver visto um antes".
Quando o computador passa a fazer parte do universo interno e inacessível do autista , ele se torna um poderoso instrumento de trabalho . Sara R. S. Miller é programadora de computador com habilidade para detectar qualquer problema no código binário , desde que já tenha visto aquele programa pelo menos uma vez na vida . Ela tem 42 anos, é presidente da Nova Systems em Milwaukee e é autista . Sara diz que sua visão do mundo é uma interpretação preta-e-branca da realidade,assim como no computador , que só existe o on e o off , sem o  meio termo .
Autistas com as mesmas potencialidades de Sara muitas vezes ficam de fora do mercado de trabalho de informática devido ao desconhecimento das pessoas quanto a esta habilidade , além da própria dificuldade dos portadores de Autismo em interagir socialmente . Eles dizem que o computador e a Internet podem proporcionar e facilitar uma melhor participação deles no mercado de trabalho , na construção de senso de valores e bem-viver .
Assim se torna  fácil compreender a afirmação de Martijin Dekker , autista de 23 anos , que se diz obcecado por computador desde os 11 anos de idade . Através da máquina , ele utiliza capacidades que poderiam ser esquecidas , se não fosse a tecnologia . Tecnologia essa que , quando associada à Internet , rompe as barreiras do corpo-humano , aproxima aqueles que distanciam  geográfica e fisicamente , traz à tona o intelecto . Dekker controla um grupo de apoio aos autistas na Internet . "Grupos como o meu parecem concordar com o mito de que autistas não querem contato humano , mas , ao contrário , os grupos e a Internet nos mostram que somos capazes de formar contatos muito profundos e significativos" , diz ele .
No sentido de re-inserir essas pessoas ao convívio social e ao mercado de trabalho , o computador é um instrumento poderoso . Graças a ele e à Internet , os autistas tem uma nova possibilidade de mudar seu destino de abandono e não-aproveitamento de suas capacidades especiais .  

Fonte:  http://www.autismo-br.com.br/home/Psicolog.htm